setembro / 21
Ainda não se sabe quanto tempo mais teremos de pandemia, mas os danos já contabilizados são muitos e assustadores. Segundo dados do FGV Social, de agosto de 2020 a fevereiro deste ano quase 27 milhões de brasileiros passaram para linha de pobreza no Brasil. Analisando o impacto educacional na América Latina e Caribe, o Banco Mundial concluiu que o “duplo choque, sanitário e econômico, causou a maior ruptura da história na região”. Já a Organização Internacional do Trabalho (OIT) avalia que a crise gerada no mercado de trabalho se estenderá, pelo menos, até 2023.
Nos momentos mais críticos, a pandemia agravou também o quadro de insegurança alimentar, levando a uma mobilização da sociedade para promover grandes campanhas de doação, principalmente de alimentos. Esse movimento, tão solidário e vigoroso, levou o Brasil a subir 20 posições no World Giving Index 2021, que faz um ranking global das ações de filantropia, e alcançar o 54º lugar do ranking.
O cenário dramático gerado pela pandemia evidencia como nunca a importância de realizações como o Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis (PECP), que teve origem em 1998, em um serviço de pediatria assistencial voltado, inicialmente, a combater as altas taxas de reinternações na comunidade e que se tornaria emblemático diante dos preceitos de sustentabilidade, governança e social consagrados pela sigla internacional ESG (Environmental, Social and Governance). Concebido e nutrido pelo Voluntariado Einstein, o PECP é uma força transformadora. Atualmente, oferece, de forma integrada, atividades relacionadas à saúde e à educação, além de servir de inspiração e modelo para que outras instituições desenvolvam ações em benefício da comunidade.
Apesar da transformação, Paraisópolis ainda apresenta deficiências de moradia, infraestrutura primária e educação – a Escola Técnica Estadual (ETEC), por exemplo, atende somente 10% dos jovens moradores da comunidade. Nesse contexto, o Einstein e o Voluntariado agora planejam a construção do Espaço para Jovens da Comunidade, um prédio de cinco andares que funcionará, simultaneamente, como centro de atendimento ambulatorial e formação técnica de jovens e da população vulnerável, contribuindo para mitigar a desigualdade social e melhorar a qualidade de vida. Na vertente educacional, o projeto visa ampliar a oferta de serviços educacionais e sociais para os jovens moradores da comunidade, proporcionar uma melhor qualificação técnica para o mercado de trabalho e geração de renda e contribuir para a inclusão social e redução de vulnerabilidades.
Ao mesmo tempo que supre necessidades da comunidade de Paraisópolis, o novo projeto atende a agenda do Pacto Global da ONU – Organização das Nações Unidas. Dos 17 ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável), 11 estão contempladas no planejamento estratégico do Einstein, entre elas a ODS 4 – Educação de Qualidade e a ODS 10 – Redução das Desigualdades, diretamente relacionadas com Espaço para Jovens da Comunidade.
Com isso, o novo projeto atende, também, necessidades de instituições que pretendem realizar investimentos de acordo com os preceitos do ESG – que vêm ganhando grande visibilidade devido à crescente preocupação do mercado financeiro com as questões de sustentabilidade, social e de governança. Afinal, ESG é uma referência altamente positiva para diversos stakeholders e apontada pelo Pacto Global como indicação de solidez, custos mais baixos, melhor reputação e maior resiliência em meio às incertezas e vulnerabilidades. São princípios que fundamentam a decisões de investidores comprometidos com os objetivos mais amplos da sociedade e, portanto, representam a oportunidade de investir na direção de um mundo mais humano, justo e solidário, valorizando sua marca e fortalecendo sua reputação.
Telma Sobolh Presidente do Voluntariado Einstein | Idealizadora do Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis | Referência no Terceiro Setor
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